Edu Lazaro - Passagens: ESSÊNCIA

Edu Lazaro - Passagens: ESSÊNCIA: Da que tu jogaste longe num cuspe ou num sopro empurrando, desfazendo-se, este foi o ato primo por ti, dado a vir à cabo todo ato, pensa...

A Camélia e o Sol


Era o primeiro dia do ano, o sol resolveu não aparecer e o céu estava cinzento.  As tulipas e os cravos, junto com as rosas faziam promessas e juras, acreditavam que seria um ano diferente, mas se o sol não aparecesse tudo poderia ser muito frio, as flores não sobreviveriam muito tempo sem o Sol.  Elas se preocupavam, mas havia uma flor, a Camélia, que em silencio o aguardava. Firme com folhagens brilhantes, ela tinha uma exuberância que servia de inspiração para as outras flores. Era a única no jardim e embora sobrevivesse ao frio, ela precisava de algumas horas de Sol. Camélia ficava quietinha no seu vaso, esperando pelo sol, mas nenhum brilho, nem sequer um raio apontava no céu cinzento e triste.
 “Como poderia o primeiro dia do ano começar tão triste?” As flores se indagavam, algumas comentavam que lá no alto da colina o sol habitava constante, era rara as vezes que ele se ausentava. Preocupadas e assustadas as flores perceberam o silencio da Camélia.
“Flor teimosa”, disse o cravo. “Acha que o sol ainda irá aparecer. Será que ela não percebeu que as nuvens irão prolongar sua vinda. Nuvens não gostam de flores, ainda mais às escuras, cheias de fúria, cheias de rancor.”
Malditas nuvens, maldito tempo. Camélia nunca conseguiu um lugar ao sol, nos dias em que ele apareceu, ela conseguiu só um raio, só um laivo do seu brilho. Tão disputado Sol.
No seu cantinho ela permaneceu e permanece. Um dia todas as flores irião para a colina a procura do todo radioso, ela ficará, porque acredita que ele um dia lembrará o caminho do seu jardim.
A tarde caia as nuvens não se importavam com a angústia de Camélia. Suas pétalas se perdiam com o vento e sua cor rosada começava a ter um tom  triste,  melancólico . No centro do jardim, as flores davam inicio a busca pelo sol.  Pensativa, Camélia lembrou que por um bom tempo também o buscou, mas decidiu interromper, porque um dia ele iria lembrar-se do caminho para o Jardim. Atenta ao que acontecia no centro do jardim, Camélia deseja sorte para as demais flores. Poderia ser um erro esperar sozinha pelo Sol, mas essa era sua única vontade, sua mais pura verdade.
Antes que a Lua, sua amiga, chegasse, ela percebeu que algo acontecia no céu, as nuvens estavam apavoradas, resistiam ao vento que as empurravam sem piedade para o outro lado da colina. Ela não acreditava no que estava acontecendo. Um brilho tímido pintava uma parte do céu com um vermelho alaranjado, suas pétalas ruborizavam assim que cada faixo de luz as tocava. Finalmente, lá estava ele, grande e imponente com toda sua magnitude e exuberância, o Sol. Camélia suspirou e se rendeu ao esplendoroso Sol.
Camélia ainda espera por ele, mas espera sabendo que ele irá aparecer afinal ela precisa de algumas horas de sol. 
Camélia descobre o sentimento mais puro: o amor. Sabe que tudo tem seu tempo, e não precisa fugir para o alto da colina e compartilhar dele com as demais flores, e nem encrencar com as nuvens, pois elas estão apenas cumprindo o seu papel. Se Camélia pudesse controlar o tempo, as vindas do sol, talvez ela não entendesse, não valorizasse as horas com ele. Um dia o sol irá brilhar para sempre! Esse é o desejo da flor mais bela, desejo de Camélia que irá se adaptar e se confortar no calor de seu amado Sol.

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